O jongo, ou caxambu, é uma dança rural diretamente associada à
cultura africana no Brasil, e surgiu como forma de confraternização e
resistência entre os escravos de origem bantu. A manifestação influiu
fortemente na formação do samba e é parte fundamental da cultura popular
brasileira. Devido à sua importância no âmbito cultural, o jongo foi
declarado, em dezembro de 2005, patrimônio cultural imaterial brasileiro
pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).
O jongo é uma dança de roda que, geralmente, começa à meia-noite. Os
poetas-jongueiros se desafiam por meio de versos improvisados em
linguagem cifrada, os enigmáticos pontos. Para decifrá-los, é
preciso muita experiência e sabedoria. Nos tempos da escravidão, a
linguagem cifrada dos pontos era usada para transmitir mensagens
secretas, como protestos contra o cativeiro e para combinar fugas. O
ritmo é marcado com auxílio de um tambor grave, o caxambu ou tambu, e de
outro mais agudo, o candogueiro. A roda pode se estender até o
amanhecer, quando os jongueiros cantam para saudar o novo dia.
Na intenção de preservar e afirmar a identidade afro-brasileira, a
Comunidade Dito Ribeiro promove as rodas de jongo na Casa de Cultura
Fazenda Roseira, em Campinas (SP). Benedito Ribeiro levou o jongo para
Campinas no início dos anos 1930. Quando faleceu, a manifestação deixou
de existir como prática na cidade. Mas familiares e amigos de Dito
resgataram o fenômeno. Alessandra Ribeiro, a neta de Dito, fundou o
Jongo Dito Ribeiro em 2003, que se tornou Ponto de Cultura por meio do
último edital do Ministério da Cultura em parceria com o Governo do
Estado de São Paulo.
O Jongo Dito Ribeiro promove além das rodas de dança outras
atividades culturais como oficinas, exposições, debates, exibição de
filmes e almoços beneficentes com comidas típicas da cultura
afro-brasileira. “Queremos recuperar a nossa história por meio do jongo,
e fazer a comunidade da região se apropriar das manifestações da
cultura negra”, acrescenta a vice-coordenadora da Comunidade, Vanessa
Dias.
O Arraial Afro-Julino da Comunidade Jongo Dito Ribeiro é a maior festa
organizada pela sociedade civil em Campinas e região, com a participação
de cerca de 4000 pessoas. São 18 horas de muita alegria e comunhão, com
apresentações culturais, barracas de comidas típicas juninas e
artesanato. Tem jongo, samba, maracatu e outras manifestações culturais
afro-brasileiras. E tudo isso na Casa de Cultura Fazenda Roseira, que
está instalada na sede de uma antiga fazenda, na periferia de
Campinas/SP: um lugar de luta, gestado desde 2008 por um coletivo de
entidades representantes da comunidade negra de Campinas (Associação
Amigas e Amigos da Fazenda Roseira e Associação do Jongo Dito Ribeiro),
onde são realizadas atividades regulares e eventos relacionados à
cultura afro-brasileira e à questão ambiental.
O Arraial é caracterizado como um importante encontro de
vivencia e divulgação do jongo. Por meio do canto, da dança e do
batuque, em um momento de muita diversão, diálogo e encantamento,
celebramos o encontro, reafirmamos o direito à cultura e somamos à
resistência ao racismo e à exclusão social.
Irmandade de São Benedito com Alessandra Ribeiro, neta de Dito Ribeiro
Irmandade de São Benedito com Alessandra Ribeiro, neta de Dito Ribeiro, e Tio Dudu, filho de Dito Ribeiro
Mesmo com 45 minutos de atraso, conseguimos
participar do terço a São Benedito, que é uma das formas de agradecimento pela
proteção a Comunidade Jongo Dito Ribeiro. E todos nós da Irmandade ficamos
impressionados com tamanha devoção com que o terço foi realizado, nunca em
nossas vidas havíamos participado de um terço tão fervoroso como este. Se Deus
quiser ano que vem voltaremos para o 10º Arraial, e levaremos mais gente para
que todos possam vivenciar esse momento de devoção a São Benedito, e depois vivenciar
a cultura afro que vem resistindo ao racismo e a exclusão social.
Fontes:
http://www.cultura.gov.br/site/2010/05/10/jongo-dito-ribeiro-valoriza-a-cultura-afro-brasileira/
http://comunidadejongoditoribeiro.blogspot.com.br/2012/06/9-arraial-afro-julino-da-comunidade.html